26 dezembro 2012

O dom da vida

Boas festas a todos!...
Geralmente, nesta altura, reunimos a família, sentimos vontade de rever amigos que não vemos há algum tempo, sentimo-nos todos mais humanos e solidários. O Natal, de alguma forma, toca-nos os corações.
Mas neste dia 25, além de tudo isso, pensei em como sou uma sortuda. Em como tenho graças a dar a Deus  por toda a minha vida. Lembrei-me daqueles que já perdi. Lembrei-me dos que se foram perdendo. E daqueles que por vezes se sentem perdidos. E dos que nem abrem a boca, mas por vezes sofrem mais que os outros todos. Pensei nos lutadores e nos desesperados. Nos que constantemente choram e nos que abraçam a vida com um sorriso. Pensei nos meus problemas. Que problemas?!
Olho para trás, e penso em todos os que conheci. E quanta gente não sofreu já tanto nessa vida? E quantos não perderam os pais? E quantos não perderam os filhos? E quantos não lutaram com todas as forças contra as adversidades e marés revoltas? E eu?... Podia ter sido eu. Podia ter sido comigo. Mas, felizmente, não foi. Felizmente, nunca me faltou nada que seja realmente valioso. Nunca tive nenhum problema de maior que me afectasse na minha condição. E porque não a mim? Afinal, quem sou eu, e o que faço aqui, neste mundo, nesta vida?!...
Tantas perguntas. Tão poucas respostas... Acho que a minha atitude de barafustar com tudo o que me incomoda é uma maneira de não acumular e libertar-me dessas pressões... Mas, nada de mais! Afinal, tenho tanta sorte!... Estou aqui. Estou viva. Tenho saúde. E posso fazer tanto!... Por vezes, não sei bem o que, nem que rumo seguir. Muitas vezes, sinto que não faço falta. Talvez eu nem sirva para grande coisa... A verdade é que não sei. mas talvez também não importe. "Podia ser eu. Podia ter sido comigo..." É o que não me sai na cabeça. Foi o que senti neste dia, em que todos falam de amizade, solidariedade e amor. Sou uma sortuda, e devo agradecer por isso. E nada me faz mais sentido, do que conseguir fazer alguma coisa pelos outros. Afinal, de que vale a minha vida? Afinal, quem somos nós sem os outros?! É por isso que odeio a solidão... É por isso que odeio a monotonia de um dia a dia sem um objectivo maior, sem esperar um acontecimento ou momento.
Se eu não devia deixar-me afectar tanto pelas loucuras desse mundo e das pessoas que nele habitam?... Bom, se calhar não devia. Mas quem sou eu, o que sou a mais que eles? Nada! Preciso que precisem de mim. Porque nada me deixa mais feliz que deixar alguém, de alguma forma, feliz. E se alguém tem algum problema e eu não consegui dar mais, ser mais, então talvez devesse ter-me esforçado mais, não? Porque, afinal de contas, podia ser eu. Este dom da vida, não deve ser desprezado, mas sim usado em favor dos outros. Não quero nada sem os outros. Porque, afinal, sozinha, o que seria eu? Que sentido teria esta mesma vida?

16 dezembro 2012

De como eu tenho um aspecto jovial

Giro giro, é ir ao cinema ver "o Hobbit" e à saída darem-me um livrinho de actividades do "Hotel Transylvania", que a senhora me estendeu prontamente, como se eu tivesse uns 12 anos ou menos...
Tenho assim tanto ar de criancinha? :|
Oh, mas quando for altura de começarem a aparecer as rugas, parece-me que vou adorar que me tirem uns 10 anos!... Muahahahah

15 dezembro 2012

A new beginning



Há momentos na nossa vida em que, olhando para trás, podemos perceber que certas coisas já passaram. Geralmente, só passado algum tempo conseguimos ver com clareza. Neste momento, sinto que estou numa fase de mudança. Afinal de contas, a vida não é estática.
Com o terminar da licenciatura, senti que um ciclo se encerrava, para começar um novo. Mas ainda não o tinha sentido em mim, não desta forma. Agora consigo sentir em mim esta fase de mudança, em que não sou já a pessoa que era há uns anos atrás, mas também ainda não sou uma "nova" pessoa, completamente diferente. Tudo muda, mas ao seu ritmo.

Um novo ano se aproxima. e com ele, uma nova fase da minha vida. Se tanto se fala que o fim do mundo está bem próximo, eu falo num novo começo. A verdade é que tive uma má fase, e depois melhorei. Mas também é verdade que sempre me deixei afectar pelo que aconteceu nessa fase. Talvez pelo medo de voltar a sentir o mesmo. Mas hoje sinto que tenho que aprender a trilhar o meu próprio caminho. A cumprir os objectivos a que me proponho a cada dia que passa. Nem sempre é fácil, quando por vezes me sinto sozinha, e isso me deixa triste e abatida. Mas ninguém fará o meu caminho por mim. Embora eu defenda que se cada um se preocupar mais com o outro do que consigo próprio, ninguém precisaria de se preocupar tanto consigo mesmo, digo também que ninguém fará mais por mim do que eu própria. Embora hajam sempre companheiros na viagem da nossa vida (e que muita falta nos fazem, ou vejamos se, na maioria dos momentos que nos recordamos, estávamos sozinhos?) é sozinhos que temos que aprender a lidar connosco próprios e com o que temos para fazer.

Tal como referi no post anterior, há um compromisso que tenho a fazer comigo própria. Que é o de fazer o máximo, dar o melhor, para ser uma pessoa diferente. Diferente, para melhor (não é diferente no sentido de deixar de ser eu mesma). De mudar o que continua a estar mal na minha vida. De fazer um esforço para não me deixar afectar tanto por aquilo que me afecta. Apesar de querer companhia em cada viagem, sinto que vou partir numa jornada só minha. Não por caminhos desse mundo, mas dentro de mim própria.
Uma fase nova e diferente da vida, que surge agora também acompanhada de uma saída da minha já "zona de conforto", do local onde durante três anos vivi. Um novo sítio para viver, uma nova terra, um novo ano, um novo caminho. Tudo se enquadra nesse sentido.

E aqui fica registado o meu compromisso para comigo própria, para que não me esqueça dele. É altura de começar, sem medo, uma nova fase. É altura de abrir os braços à mudança, e abraçar o que me vier pela frente. É altura de lidar abertamente com as consequências do que faço. É altura de tentar ser melhor, dentro de mim. Não significa isto que deixe de sentir certas coisas. Só que também sinto que é altura de mudar. Tudo está a mudar!

3 anos depois...

Três anos depois disto, leio novamente as palavras que na altura escrevi.
Três anos depois, sinto que ultrapassei completamente esta fase da minha vida... No entanto, nunca esquecerei. Foi duro. Foi difícil.
Não foi só este "acontecimento". Juntando vários factores, foi mesmo bastante complicado. Já não me reconhecia a mim mesma. Estava triste, estava perdida, estava deprimida. Queria reencontrar a minha alegria, mas não sabia como. Por momentos, tudo me parecia desastroso e perdido. Parecia que o mundo me tinha voltado as costas e não cooperaria mais comigo. A verdade, é que antes de me ver nesta situação, nunca pensei que ela pudesse vir a acontecer. Não desta forma, não a mim. E quando me vi nesta situação, foi ainda mais desastroso o não conseguir pura e simplesmente "não ficar assim".
Talvez tenha sido a pior altura da minha vida... Felizmente, passou. Não foi simples, nem fácil, nem repentino, mas passou. A minha mudança de atitude e de expectativas perante as coisas fez com que conseguisse ultrapassar esta fase. Mas, por vezes, ainda tenho medo. De perder a força, a alegria. De voltar a ver-me numa situação com a qual não sei lidar, de voltar a estar de um modo que nada tem a ver com a minha maneira de pensar quanto ao modo como devemos estar na vida. Mais do que algo externo, foi uma luta interna. Às vezes, ainda continua a ser. Às vezes ainda sou fraca e me deixo levar pela mesma onda que me colocou nesta situação. Mas não me deixarei chegar à mesma situação. Nem sequer começar a reagir como nessa altura. É um compromisso que faço comigo própria.
Três anos volvidos, esta é uma nova fase.
Foi há três anos atrás que comecei a sentir maior necessidade de expressar às pessoas o quanto gosto delas. Que comecei a sentir falta de um abraço apertado. Que comecei a dar tanto valor e a sentir tanta falta de bons momentos, de cada pequeno momento único e especial. Foi há três anos atrás, que me apercebi como verdadeiramente são tão importantes aqueles que realmente amamos, mesmo que não os vejamos ou falemos com eles há meses ou anos, e independentemente dos disparates que fizeram ou não na sua vida.
Continuo a sentir a verdadeira importância de tudo isto.

É por isso, que agora repito:

"Aproveitem bem todos os momentos da vida... Dêem valor até às coisas mais simples... Até ao momentos menos bons. Porque a vida é curta demais para a passarmos à espera que chegue o próximo momento bom...
Riam, chorem, pulem, caiam, sorriam, abracem... Não tenham vergonha, não se queiram arrepender do que não fizeram, do que deixaram por fazer... Amanhã... Não esperem por amanhã... Dêem tudo hoje... Dêem tudo de quanto melhor têm em cada dia... Porque um segundo depois, pode já ser tarde de mais."


Como disse António Feio, "Não deixem nada por fazer, nem nada por dizer".

02 dezembro 2012

Há dias assim...

Já alguma vez te apeteceu fugir, para bem longe de tudo?
Já sentiste, em alguns momentos, que ninguém precisa de ti?
Já te apeteceu gritar a plenos pulmões, para libertar toda a fúria e pressão acumulada?

Hoje estou definitivamente em dia-não.

30 novembro 2012

Na porta ao lado...

Chegou a chuva de Novembro.
Nesta rua o sol escondeu-se atrás das nuvens. Em todas as outras ruas da cidade há um pouco de sol, mas não aqui. Sei que estás mesmo aqui ao lado. Mas já não queres saber, já não te importa. Arrefeceste como as ruas da cidade. Não me sorris, não dizes uma palavra. Estás tão perto, e estás tão longe...
Se não morasses na minha rua, não seria estranho ver-te tão pouco. Mas estás mesmo aqui ao lado. Da tua porta à minha vão poucos passos. O vento está cada vez mais forte e gela-me a alma. Não deveria importar-me, mas dói-me o coração. Estás mesmo aqui ao lado e nem sequer te vejo. Mas bem sei que estás ai. Achavas que não iria sentir falta de quando fazia sol e passeávamos pela rua, ou das horas de conversas à luz do luar? Pois é, agora as nuvens esconderam o sol e a lua e só sinto frio. A tua rua é a minha rua e nunca passo por ti. Sabes qual é a minha porta, mas já não vais bater. Se fosse paixão suspiraria só por te ver. Assim o meu coração chora por não ter nem um sinal, e tu não queres saber. Amor não é só coisa de casal apaixonado. E dói essa tua indiferença, esse teu ar gelado.
Vais continuando no teu mundo, e eu sinto saudade do teu mundo, do que me mostraste e agora não posso tocar. Desculpa se sou fraca e não consigo pôr uma capa no coração. E por vezes só me resta uma pergunta: porquê?! Para quê dar tanto, para depois dar tão pouco? Talvez a culpa seja minha. Talvez um dia também venhas a sentir saudade. Talvez quando a chuva se for e o sol voltar a raiar. Talvez seja preciso a tempestade passar. Mas por enquanto vai chovendo, e eu continuo a sentir que sou perfeitamente dispensável.
Esperemos até que a chuva tenha ido. Ou então, podemos sair à rua sob a imensidão de nuvens. Podemos caminhar pelo chão molhado, e por entre o vento e a chuva forte, só preciso de um abraço para ter o coração mais quente.
Passou Novembro. Mas o Inverno ainda nem começou... Nesta rua a chuva continua a cair.


27 novembro 2012

No title.

Percebi uma coisa. Algo que talvez mude a minha forma de me ver no mundo. Talvez se me mantiver ciente disto, aprenda a lidar com certas coisas.
Uma vez, disseram-me que gostavam muito de mim, "mas quando estava de bom humor". Na altura, achei injusto, frio e desagradável, ofensivo até, que não é coisa que se diga aos amigos. E talvez o seja um pouco. Talvez seja o egoísmo próprio latente no ser humano. Mas só hoje consegui olhar para isto de uma outra forma. A verdade, é que ninguém gosta de pessoas deprimidas, e sobretudo de pessoas depressivas. Ninguém sabe como lidar ao certo com as crises e ansiedades dos outros. E, quando temos os nossos próprios problemas, incómodos e irritações ainda menos. E como eu costumo dizer, "as pessoas não são iguais". Há quem lide melhor com isso, há quem tenha um coração mais aberto, e há quem se sinta a si próprio por momentos tão desorientado com a situação que não sabe bem o que fazer, a não ser manter uma certa distância dita saudável.
Hoje, percebi o meu problema: não perceber e não saber lidar com as pessoas que não percebem e que lidam mal com isto. É um facto. Há que aceitá-lo, e há que aprender a contornar isto. Hoje, percebi como as pessoas gostam do lado bem disposto e brincalhão, mas a maior parte das vezes não suportam o lado depressivo, irritadiço e mal  disposto. Nem eu própria, para dizer verdade. Daí muitas vezes entrar em conflito comigo própria... Às vezes, acho que me odiaria a mim própria e não teria paciência... Afinal, até é compreensível a reacção dos outros. Sou aquilo que consideram uma "pessoa stressada". Mas sou mesmo assim, alarmada e ansiosa com tudo o que me rodeia e me importa. Se isso faz de mim uma "pessoa stressada"? Bem, não sei... Talvez faça, ou talvez não. Por ficar ansiosa com algo, não significa que ache que o mundo vá acabar por causa disso. Mas também não é nisso que quero pensar agora.
Percebi que não posso ficar tão magoada. É perfeitamente desculpável. As pessoas não são iguais. Embora ache que muitas vezes cada um pudesse fazer um esforço para entender, ou pelo menos aceitar os comportamentos mais descontrolados dos outros, isso não quer dizer que não possa aceitar o facto de não conseguirem lidar com isso. Agora que percebi verdadeiramente o problema, posso trabalhar na solução: não deixar que o meu "lado lunar" prevaleça sobre o lado positivo e alegre. Talvez não seja tão fácil fazer como dizer. Mas, sem tentar, é que não vamos a lado nenhum!
Mas engraçado é como todas estas coisas surgem dentro de mim como uma revoada, no seio de uma junção de várias situações, reflexões e vivências. E, de repente, parece que muita coisa encaixa. As peças do puzzle juntam-se, encaixam no sítio onde pertencem. E, de repente, percebo que estou viva, que estou a viver!

26 novembro 2012

Paz no coração

Por vezes, há alturas em que não consigo descansar. O meu cérebro não pára. Vai buscar todo e qualquer pensamento que possa existir, sobre coisas absurdas ou não. Outras, porém, o problema não está só (porque infelizmente também continua a passar por ai) na cabeça. Às vezes, vem do coração.
Tenho a mania de pensar em coisas que não devo, e por demasiado tempo. Ou talvez deva pensar nelas. Talvez não deva é martirizar-me, estar sempre a pensar nelas, de modo a que me afecte a concentração, a paz de espírito, o normal funcionamento do meu organismo, como se tivesse cometido um crime que não me deixa dormir de noite. Se há quem ache que não penso nas coisas, a verdade é que é precisamente o contrário. Penso tanto, que talvez chegue a conclusões e sensações erradas.
Penso também no quão estúpido é deixar que me afecte. Não quero que me afecte. Não me quero importar com certas coisas. Mas será que basta não querer? Que basta querer não pensar? Não quero. Mas o meu coração não me deixa não pensar. Magoa-se facilmente, e irrequieta-me o espírito. Será que basta querer não sentir? Será que posso fingir que não sinto? Por mais que pense que não posso deixar-me afectar, continuo sem paz no coração.




Antes, eu achava que haveria sempre uma forma de resolver as coisas. "Tinha que ser". As coisas não podiam simplesmente ficar "assim". E insistia, e insistia, e tentava, e errava. Talvez continue a errar. Mas também aprendi que às vezes o único remédio é o tempo. Há que deixar as coisas seguirem o seu rumo natural. O que não é, não podemos forçar. Talvez seja mesmo o tempo a pôr as coisas no seu lugar. E se não vão para o lugar, é porque não é lá o lugar delas, ainda que nos pareça. E é disto que tenho que ter consciência. Não importa importar-me. Nada vai mudar, se não tiver que mudar por si. Portanto, só me resta descansar o coração e esperar. Pena que não seja tão simples como querer. Mas vou fazer um esforço. Vou tentar encontrar essa paz. Como, não sei ao certo. Mas tenho uma ideia de como poderei lá chegar...
Quero paz. Quero seguir em frente a cada momento, sem olhar para trás. Ou sem ficar presa ao que está para trás, trazendo apenas comigo, além das boas recordações, as boas lições. Crescer. talvez um coração facilmente perturbável seja sinal de susceptibilidade, mas não creio que seja sinal de fraqueza. "Porque, quando sou fraco, então é que sou forte." Há que pôr o coração ao largo. Há que aprender a ultrapassar certas situações que mexem connosco cá dentro. Talvez só lá vá com o tempo. Talvez com o passar do tempo vá deixando de ser preciso tanto tempo. Talvez o meu coração se torne mais robusto. Ou talvez apenas aprenda a viver com a sua susceptibilidade. Talvez seja mais forte que aquilo em que às vezes acredito. Afinal de contas, ninguém conhece ao certo até onde vai a sua verdadeira força, pois não?

25 novembro 2012

Quando o ritmo abranda...

E é quando o ritmo abranda que, por vezes, me sinto mais só.
Sozinha e distante...
A saudade aperta, e dói o coração.

Mas, como tudo na vida, "amanhã" já passou. Há alturas e alturas...

19 novembro 2012

A falta que me fazem ou Elogio III



Hoje senti-me feliz. Entrei em casa com uma alegria espontânea, enquanto uma série de pensamentos me revolvia a mente. Senti vontade de cantar e dançar, e cantei e dancei sem que ninguém visse. Não me importa que todos o leiam, ou ninguém o leia.
Senti-me feliz, porque senti a falta que me fazem. Quem? Aqueles que pertencem à minha vida. Não vou enumerar nomes, nem tão pouco descrever na perfeição este ou aquele. Só quero expressar a minha gratidão para com aqueles que vão traçando cada pincelada na tela que sou. São as relações que criamos que nos moldam e nos fazem crescer. São eles, no fundo, a razão para nos fazer sorrir.
Os grandes e os pequenos, os altos e os baixos, os velhos e os novos, não importa. Não importa se nos vemos todos os dias, ou não nos vemos há anos. Não importa se passam o tempo a elogiar-nos ou a criticar-nos. Os que nos sabem chegar ao coração. Os que nos "dão na cabeça" e nos fazem pensar. Os que gozam connosco só para nos irritar. Aqueles com quem trocámos planos secretos, ou aqueles a quem emprestámos ou nos emprestaram peças de roupa. Aqueles que são cúmplices dos nossos disparates, e os que não nos deixam fazer disparates. Aqueles com quem não conseguimos estar sem mandar umas boas gargalhadas. Aqueles com quem já chorámos e aqueles a quem já limpámos lágrimas. Aqueles com quem já corremos, aqueles com quem já ficámos parados durante horas. Aqueles com quem já passámos horas na conversa ou noites acordados. Aqueles que fazem da sua casa a nossa casa. Aqueles de quem fazemos de nossa casa a sua casa. Aqueles que têm sempre palavras sábias a dizer. Aqueles que dizem mais disparates que coisas acertadas. Os que estão tristes, e os que estão contentes. Os com quem vimos desenhos animados, e os que viram outros desenhos animados. Os que são brancos, pretos, amarelos, azuis, verdes ou cor-de-rosa. Os que vêm de Vénus, de Marte, ou de Plutão (que já nem é planeta).
Não importa quantas vezes nos zangámos. Nem quantas discussões tivemos, nem em quantos assuntos não concordamos. Não interessa quantas vezes fizemos as pazes. Não importa se temos muitas coisas diferentes, ou muitas coisas iguais, ou as duas coisas.
Hoje, pensei naqueles a quem chamo amigos. Pensei em como são importantes, em como por vezes há uma enorme vontade de conversar, ou apenas de olhar. De dar um abraço, ou um beijo. De amar. Pensei na falta que me fazem. E no quão feliz sou por ter saudades. Feliz como se dançasse com paixão.
Hoje, mais uma vez pensei em como me posso considerar uma pessoa feliz. Com altos e baixos. Com momentos de risos descontrolados, e com momentos em que me vou abaixo. Mas feliz!
Não importa se tudo parece óptimo, ou se nem sempre tudo é bom. Há os que vão, e os que ficam. Importantes não são os que vão. São os que ficam.


23 setembro 2012

Dançar à chuva




Vamos dançar
À chuva. Correr,
Sem saber
Do amanhã.
Vêm, deixa-te ficar.
Vamos sorrir,
E fugir
Do mundo.
Sente-a na pele,
E o vento no rosto.
Estarás disposto
A tentar assim?
Anda dançar à chuva.
Na noite escura,
Uma aventura.
E sorri para mim.

A.P.

22 setembro 2012

Crescer e viver




Às vezes penso que, quando crescemos, a vida se torna demasiado séria. Quantas vezes não deixamos de acreditar nos nossos sonhos? Dizemos a nós próprios para não termos ilusões. Ou para não fazermos isto ou aquilo, porque até já somos crescidos… E como pessoas crescidas temos de ser responsáveis… Mas por vezes isso mais parece significar que não nos podemos divertir. Implica ficar demasiado sério e não achar piada a certas coisas. Ou é porque pareceríamos loucos e todos iriam reparar…
Que todas as loucuras do mundo fossem correr por baixo de um esguicho do jardim, ou rebolar pela relva, ou rir com vontade das parvoíces que dizemos, ou levar a imaginação para lá dos limites do racional das pessoas ditas “normais”. Porque se isso é loucura, que o mundo seja louco assim!
Quando crescemos tornamo-nos sérios… talvez pelas responsabilidades que a vida nos incute. Talvez pelos problemas que vão surgindo, e que ninguém resolverá por nós. Ou até talvez porque achamos que temos de ser assim. Podemos ser pessoas sérias, e não estar sempre sérios. Podemos ser responsáveis, e cometer pequenas loucuras que nos alimentam o coração. Por isso, vamos rir imensamente, vamos sentir vivamente, vamos viver intensamente! Porque é nas pequenas coisas que se é feliz.

21 setembro 2012

Tic Tac




O tempo corre… Já são quatro e meia. “Tic tac”, diz o relógio. Sento-me no jardim e olhos as árvores. E penso na vida, e no mundo… Por vezes sinto-me tão só… Só, no meio deste mundo louco, neste planeta tão grande e tão pequeno. Os raios de sol passam por entre os ramos, fazendo algumas folhas reluzir que nem diamantes. E o sol, que está tão longe, chega até nós. Mas muitas vezes, quem está tão perto, está mais longe que o sol. Às vezes parece que somos invisíveis neste mundo. Que os raios de sol nos podem trespassar. Mas afinal, eles não podem, pois somos de carne e osso. Tal como os outros…

O tempo continua a passar… E eu não sou ninguém. Sou tão pequenina… Um grãozinho de areia. Um grão de areia sozinho, por mais que tente, nunca fará um areal. O vento sopra-me no rosto. Sinto o grãozinho de areia a ser levado para um lugar incerto. Procuro outros grãos de areia, pequenos e insignificantes. Mas com vontade de construir um areal. Parece que há poucos grãos de areia, neste mundo tão grande e tão pequeno! As pequenas borboletas andam pelas flores… Oh, quem me dera ser feliz assim! Se eu fosse uma borboleta, com certeza seria feliz, num jardim colorido… Mas sou como um grão de areia, que anseia um dia construir um areal.

Às vezes também tenho medo… Não diria medo da solidão, neste mundo cheio de gente. Mas medo dos corações vazios… sem amor. Medo do que podem fazer ao mundo. Medo do que geram esses, que não querem ser um grão num areal, ou uma gota num oceano, mas que querem ser grãos especiais, ou gotas especiais… E o problema é que são cada vez mais. E se não houver grãos de areia que querem ser um areal, ou gotas de água que querem ser um oceano, o que acontecerá às praias? Jamais alguém poderia sentar-se na areia, a contemplar o sol descer sobre o mar ao fim da tarde.

Já são cinco e meia. “Tic tac”. Continuo aqui, no mesmo lugar. Sou apenas eu. Mas tenho esperança… Esperança que, enquanto o tempo passa, pelos trilhos da vida hei-de encontrar outros grãos de areia dispostos a formar um areal. Quem sabe esses não se sentem sós também, neste mundo louco. Mas quando os encontrar, deixaremos de estar sós.


17 setembro 2012

Regressar...



Hoje cheguei a uma conclusão. percebi o porquê de não gostar de ficar todo o dia fechada em casa. Da sensação de frustração depois do "não fazer nada". Das saudades que tenho de ler, de escrever, de pintar, ou de uma boa conversa olhos nos olhos com um amigo. Apercebi-me que, afinal de contas, quero viver.
Viver não é ficar parado, à espera que o tempo passe! Não é entreter-me com pequenas coisas sem importância. É sim dedicar-me ao que realmente me dê prazer. É ser mais do que apenas "alguém". É ser "eu".
Percebi que quero sair mais. Viver momentos únicos que recordarei sempre nostalgicamente. Quero conhecer novas pessoas com as quais me identifique, mas também passar bons momentos com velhos amigos. Não quero ficar parada. Tenho sempre em mim aquele sentimento de "ser mais", mas a maior parte das vezes é difícil sentir que se vive dessa forma. Eu quero viver mais. Regressar todos os dias a casa cansada, mas com o sentimento de que o dia valeu a pena. De que não foi só "mais um".
E se o meu corpo pede descanso, e ficar paradinha sem fazer nada, o meu espírito é "rebelde", e o meu coração quer voar. E quer sentir. E quer SER. Acho que chegou a altura... Não é no passado, nem no futuro. Agora! É tempo de viver!