23 setembro 2012

Dançar à chuva




Vamos dançar
À chuva. Correr,
Sem saber
Do amanhã.
Vêm, deixa-te ficar.
Vamos sorrir,
E fugir
Do mundo.
Sente-a na pele,
E o vento no rosto.
Estarás disposto
A tentar assim?
Anda dançar à chuva.
Na noite escura,
Uma aventura.
E sorri para mim.

A.P.

22 setembro 2012

Crescer e viver




Às vezes penso que, quando crescemos, a vida se torna demasiado séria. Quantas vezes não deixamos de acreditar nos nossos sonhos? Dizemos a nós próprios para não termos ilusões. Ou para não fazermos isto ou aquilo, porque até já somos crescidos… E como pessoas crescidas temos de ser responsáveis… Mas por vezes isso mais parece significar que não nos podemos divertir. Implica ficar demasiado sério e não achar piada a certas coisas. Ou é porque pareceríamos loucos e todos iriam reparar…
Que todas as loucuras do mundo fossem correr por baixo de um esguicho do jardim, ou rebolar pela relva, ou rir com vontade das parvoíces que dizemos, ou levar a imaginação para lá dos limites do racional das pessoas ditas “normais”. Porque se isso é loucura, que o mundo seja louco assim!
Quando crescemos tornamo-nos sérios… talvez pelas responsabilidades que a vida nos incute. Talvez pelos problemas que vão surgindo, e que ninguém resolverá por nós. Ou até talvez porque achamos que temos de ser assim. Podemos ser pessoas sérias, e não estar sempre sérios. Podemos ser responsáveis, e cometer pequenas loucuras que nos alimentam o coração. Por isso, vamos rir imensamente, vamos sentir vivamente, vamos viver intensamente! Porque é nas pequenas coisas que se é feliz.

21 setembro 2012

Tic Tac




O tempo corre… Já são quatro e meia. “Tic tac”, diz o relógio. Sento-me no jardim e olhos as árvores. E penso na vida, e no mundo… Por vezes sinto-me tão só… Só, no meio deste mundo louco, neste planeta tão grande e tão pequeno. Os raios de sol passam por entre os ramos, fazendo algumas folhas reluzir que nem diamantes. E o sol, que está tão longe, chega até nós. Mas muitas vezes, quem está tão perto, está mais longe que o sol. Às vezes parece que somos invisíveis neste mundo. Que os raios de sol nos podem trespassar. Mas afinal, eles não podem, pois somos de carne e osso. Tal como os outros…

O tempo continua a passar… E eu não sou ninguém. Sou tão pequenina… Um grãozinho de areia. Um grão de areia sozinho, por mais que tente, nunca fará um areal. O vento sopra-me no rosto. Sinto o grãozinho de areia a ser levado para um lugar incerto. Procuro outros grãos de areia, pequenos e insignificantes. Mas com vontade de construir um areal. Parece que há poucos grãos de areia, neste mundo tão grande e tão pequeno! As pequenas borboletas andam pelas flores… Oh, quem me dera ser feliz assim! Se eu fosse uma borboleta, com certeza seria feliz, num jardim colorido… Mas sou como um grão de areia, que anseia um dia construir um areal.

Às vezes também tenho medo… Não diria medo da solidão, neste mundo cheio de gente. Mas medo dos corações vazios… sem amor. Medo do que podem fazer ao mundo. Medo do que geram esses, que não querem ser um grão num areal, ou uma gota num oceano, mas que querem ser grãos especiais, ou gotas especiais… E o problema é que são cada vez mais. E se não houver grãos de areia que querem ser um areal, ou gotas de água que querem ser um oceano, o que acontecerá às praias? Jamais alguém poderia sentar-se na areia, a contemplar o sol descer sobre o mar ao fim da tarde.

Já são cinco e meia. “Tic tac”. Continuo aqui, no mesmo lugar. Sou apenas eu. Mas tenho esperança… Esperança que, enquanto o tempo passa, pelos trilhos da vida hei-de encontrar outros grãos de areia dispostos a formar um areal. Quem sabe esses não se sentem sós também, neste mundo louco. Mas quando os encontrar, deixaremos de estar sós.


17 setembro 2012

Regressar...



Hoje cheguei a uma conclusão. percebi o porquê de não gostar de ficar todo o dia fechada em casa. Da sensação de frustração depois do "não fazer nada". Das saudades que tenho de ler, de escrever, de pintar, ou de uma boa conversa olhos nos olhos com um amigo. Apercebi-me que, afinal de contas, quero viver.
Viver não é ficar parado, à espera que o tempo passe! Não é entreter-me com pequenas coisas sem importância. É sim dedicar-me ao que realmente me dê prazer. É ser mais do que apenas "alguém". É ser "eu".
Percebi que quero sair mais. Viver momentos únicos que recordarei sempre nostalgicamente. Quero conhecer novas pessoas com as quais me identifique, mas também passar bons momentos com velhos amigos. Não quero ficar parada. Tenho sempre em mim aquele sentimento de "ser mais", mas a maior parte das vezes é difícil sentir que se vive dessa forma. Eu quero viver mais. Regressar todos os dias a casa cansada, mas com o sentimento de que o dia valeu a pena. De que não foi só "mais um".
E se o meu corpo pede descanso, e ficar paradinha sem fazer nada, o meu espírito é "rebelde", e o meu coração quer voar. E quer sentir. E quer SER. Acho que chegou a altura... Não é no passado, nem no futuro. Agora! É tempo de viver!