21 setembro 2012

Tic Tac




O tempo corre… Já são quatro e meia. “Tic tac”, diz o relógio. Sento-me no jardim e olhos as árvores. E penso na vida, e no mundo… Por vezes sinto-me tão só… Só, no meio deste mundo louco, neste planeta tão grande e tão pequeno. Os raios de sol passam por entre os ramos, fazendo algumas folhas reluzir que nem diamantes. E o sol, que está tão longe, chega até nós. Mas muitas vezes, quem está tão perto, está mais longe que o sol. Às vezes parece que somos invisíveis neste mundo. Que os raios de sol nos podem trespassar. Mas afinal, eles não podem, pois somos de carne e osso. Tal como os outros…

O tempo continua a passar… E eu não sou ninguém. Sou tão pequenina… Um grãozinho de areia. Um grão de areia sozinho, por mais que tente, nunca fará um areal. O vento sopra-me no rosto. Sinto o grãozinho de areia a ser levado para um lugar incerto. Procuro outros grãos de areia, pequenos e insignificantes. Mas com vontade de construir um areal. Parece que há poucos grãos de areia, neste mundo tão grande e tão pequeno! As pequenas borboletas andam pelas flores… Oh, quem me dera ser feliz assim! Se eu fosse uma borboleta, com certeza seria feliz, num jardim colorido… Mas sou como um grão de areia, que anseia um dia construir um areal.

Às vezes também tenho medo… Não diria medo da solidão, neste mundo cheio de gente. Mas medo dos corações vazios… sem amor. Medo do que podem fazer ao mundo. Medo do que geram esses, que não querem ser um grão num areal, ou uma gota num oceano, mas que querem ser grãos especiais, ou gotas especiais… E o problema é que são cada vez mais. E se não houver grãos de areia que querem ser um areal, ou gotas de água que querem ser um oceano, o que acontecerá às praias? Jamais alguém poderia sentar-se na areia, a contemplar o sol descer sobre o mar ao fim da tarde.

Já são cinco e meia. “Tic tac”. Continuo aqui, no mesmo lugar. Sou apenas eu. Mas tenho esperança… Esperança que, enquanto o tempo passa, pelos trilhos da vida hei-de encontrar outros grãos de areia dispostos a formar um areal. Quem sabe esses não se sentem sós também, neste mundo louco. Mas quando os encontrar, deixaremos de estar sós.


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