26 dezembro 2012

O dom da vida

Boas festas a todos!...
Geralmente, nesta altura, reunimos a família, sentimos vontade de rever amigos que não vemos há algum tempo, sentimo-nos todos mais humanos e solidários. O Natal, de alguma forma, toca-nos os corações.
Mas neste dia 25, além de tudo isso, pensei em como sou uma sortuda. Em como tenho graças a dar a Deus  por toda a minha vida. Lembrei-me daqueles que já perdi. Lembrei-me dos que se foram perdendo. E daqueles que por vezes se sentem perdidos. E dos que nem abrem a boca, mas por vezes sofrem mais que os outros todos. Pensei nos lutadores e nos desesperados. Nos que constantemente choram e nos que abraçam a vida com um sorriso. Pensei nos meus problemas. Que problemas?!
Olho para trás, e penso em todos os que conheci. E quanta gente não sofreu já tanto nessa vida? E quantos não perderam os pais? E quantos não perderam os filhos? E quantos não lutaram com todas as forças contra as adversidades e marés revoltas? E eu?... Podia ter sido eu. Podia ter sido comigo. Mas, felizmente, não foi. Felizmente, nunca me faltou nada que seja realmente valioso. Nunca tive nenhum problema de maior que me afectasse na minha condição. E porque não a mim? Afinal, quem sou eu, e o que faço aqui, neste mundo, nesta vida?!...
Tantas perguntas. Tão poucas respostas... Acho que a minha atitude de barafustar com tudo o que me incomoda é uma maneira de não acumular e libertar-me dessas pressões... Mas, nada de mais! Afinal, tenho tanta sorte!... Estou aqui. Estou viva. Tenho saúde. E posso fazer tanto!... Por vezes, não sei bem o que, nem que rumo seguir. Muitas vezes, sinto que não faço falta. Talvez eu nem sirva para grande coisa... A verdade é que não sei. mas talvez também não importe. "Podia ser eu. Podia ter sido comigo..." É o que não me sai na cabeça. Foi o que senti neste dia, em que todos falam de amizade, solidariedade e amor. Sou uma sortuda, e devo agradecer por isso. E nada me faz mais sentido, do que conseguir fazer alguma coisa pelos outros. Afinal, de que vale a minha vida? Afinal, quem somos nós sem os outros?! É por isso que odeio a solidão... É por isso que odeio a monotonia de um dia a dia sem um objectivo maior, sem esperar um acontecimento ou momento.
Se eu não devia deixar-me afectar tanto pelas loucuras desse mundo e das pessoas que nele habitam?... Bom, se calhar não devia. Mas quem sou eu, o que sou a mais que eles? Nada! Preciso que precisem de mim. Porque nada me deixa mais feliz que deixar alguém, de alguma forma, feliz. E se alguém tem algum problema e eu não consegui dar mais, ser mais, então talvez devesse ter-me esforçado mais, não? Porque, afinal de contas, podia ser eu. Este dom da vida, não deve ser desprezado, mas sim usado em favor dos outros. Não quero nada sem os outros. Porque, afinal, sozinha, o que seria eu? Que sentido teria esta mesma vida?

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