26 outubro 2007

Tatuagens




"Esta é sobre as marcas que nós deixamos uns nos outros, que eu acho que são um espécie de tatuagens de outra maneira". Mafalda Veiga


Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti

Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar

Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão

Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti

Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar

Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim

Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão



Esta é a letra de uma música da Mafalda Veiga, em dueto com Jorge Palma e, mais recentemente, com João Pedro Pais.
A imagem é de um desenho pintado por mim.
xD

18 outubro 2007

Saber esperar...

Saber esperar é um dom...

Saber esperar por um momento...

Esperar que o tempo passe,

Que o dia chegue, que a hora se aproxime.



Saber esperar por alguém...

Esperar por ti.

Esperar por mim.

Esperar por quem não vem.


Saber esperar pelo pôr-do-sol,

Que a flor se abra,

Que a andorinha volte.

Que a borboleta bata de novo as asas.


Saber esperar pela mão que se nos estende,

Pelo soldado que vem da guerra,

Por alguém que nos entende,

Por quem parte, que volte à sua terra.



Esperar... implica amar.

Esperar pelas mudanças.

Esperar pelas crenças.

Esperar por ganhar asas e aprender a voar.


Esperar não é um perigo...

É um dom.

Esperar que se vão embora os ventos,

Que o sol volte a brilhar.

Esperar por ti

Numa noite de luar.


O tempo passa.

A chuva cai.

Não vejo ninguém.

Estarei sozinho?

Não sei...

Apenas me resta

Saber esperar.

06 outubro 2007

Amanhã não sei...

Amanhã não sei...



Amanhã não sei por onde irei. Qual o caminho a seguir. Simplesmente vou andando, levada pelo vento. Por entre montes e vales vou seguindo, sempre pelo estreito caminho. É por ele que tenho que seguir, não existe outro... E assim vou andando, simplesmente levada, simplesmente empurrada, guiada pelo forte sopro. Mas amanhã... Amanhã não sei. Eu ia pelo caminho, pairando levemente, mas de repente... de repente o caminho dividiu-se em dois. E fiquei sem saber por onde ir amanhã. Hoje está tudo bem. O caminho foi fácil, pois era apenas um, e era o vento que me empurrava. Mas agora... Assim é mais difícil. Amanhã quando acordar não vou saber por onde seguir. O vento acalmou e já não me empurra. O caminho, que era um, tornou-se em dois. Dois caminhos, sem o vento para me empurrar... O que hei-de fazer? Qual deles será o melhor? O da esquerda? O da direita? Onde irão dar? O que haverá no final de cada um? Tantas perguntas... Tantas perguntas sem resposta. Não posso voltar para trás e enfrentar sozinha os perigos da montanha. Ai... Tantas perguntas que tenho para te fazer... Por onde vou? Ajuda-me! Tenho dois caminhos para optar, e amanhã não sei por qual irei. o que devo fazer? Esperar? Esperar que o vento volte e me guie de novo? Mas... e se ele não vem? O vento já não me guia, tu não me dás uma resposta... não me dizes por onde ir amanhã. Eu estou aqui, perdida, sem que ninguém me possa ouvir... Sinto-me tão sozinha... Não posso abandonar o caminho e expor-me a todos os perigos... Mas agora que o caminho se dividiu em dois, também não sei por qual seguir... Não me abandones, por favor. Porquê? Porque não me dás uma resposta? Preciso de ti! Ou então manda o vento de volta em meu auxílio. Porque será que é tão difícil optar por um caminho? Apenas tenho de seguir por um deles, mas... e se não é o certo? Ai... Tu que sabes qual o caminho certo, porque não me dizes? Ou... será que dizes, e eu é que não me apercebi? Mas se o vento se foi embora... Por onde irei eu, amanhã? Espero que me estejas a ouvir... Espero que me possas dar uma resposta... Agora vou dormir. Já é tarde... Quando acordar de manhã, espero que o vento tenha voltado, que estejas comigo de novo... Ajuda-me... Amanhã não sei por onde irei...