As fontes da alegria: foi isso que procurámos e celebrámos no encontro ibérico de jovens, no Porto, nos passados dias 13 a 16. Nestes quatro dias, 40 paróquias da diocese do Porto acolheram os milhares de jovens vindo de todas as partes do país, e de muitos outros países, como Espanha, Bélgica, Alemanha, Polónia... Da Benedita éramos 29 a viajar de autocarro, juntamente com jovens de Alfeizerão e de S. Mamede da Ventosa (Torres Vedras). E nem o imenso frio nos fez parar...
(Eu e os meus amoreeeeees de S. Mamede)
Eu e outras 9 raparigas da Benedita tivemos o prazer de ser maravilhosamente acolhidas pela paróquia de Espinho (N. S.rª da Ajuda). Um muito obrigada à Dona Conceição, que nos acolheu em sua casa, abrindo-nos a sua porta e o seu coração, a mim e a outras duas meninas da Benedita, e também a Andreia, da Batalha, que durante estes dias foi a nossa "irmã" emprestada, na família de acolhimento.
A "família"...
Ao chegarmos a Espinho, ao sair da estação de comboios, deparámo-nos com uma faixa a dizer: "Taizé - Bem-vindos", e mais à frente, a cruz de Taizé, gigante, na rua onde tínhamos de virar para encontrar a igreja e o centro paroquial. Também na igreja, a cruz enorme a dizer "Taizé" por baixo, e uma outra em frente ao centro paroquial, ficando todas elas iluminadas à noite. E foi tudo fantástico, da missa às orações, das reflexões às refeições... A igreja estava linda, por dentro. O altar completamente transformado...

Nas orações, e também na missa, sentávamo-nos no chão, como em Taizé. Tanto em Espinho, como nas outras paróquias, e as igrejas do centro do Porto, os panos laranja, as velas e cruzes faziam-nos reviver o espírito de Taizé. E também a Caixa Dragão, onde decorriam as orações da noite, estava transformada...Os almoços decorriam nas paróquias, e os jantares, no estádio do Dragão. Nas tarde de Domingo e Segunda-feira, decorreram também Workshops, em vários locais, pela cidade do Porto.
No Domingo, após a manhã passada na paróquia e almoço com as famílias de acolhimento, onde conheci um dos filhos, nora e neta da Dona Conceição, à tarde escolhi, de entre os diversos, o workshop "Unidade em Cristo, para que o mundo creia e tenha esperança", com o Pe. Tony Neves e o bispo Sifredo Teixeira, da Igreja Metodista, onde se falou, precisamente, da união das diversas igrejas, do ecumenismo... Para que todo o mundo possa acreditar. Seguiu-se o jantar no Dragão, a oração da noite e o regresso às paróquias. (E os três dias, apanhar o comboio à noite de regresso a Espinho foi uma verdadeira loucura...)
Já na segunda-feira, de manhã houve oração, e depois fomos ver o Museu Municipal de Espinho, antiga fábrica de conservas, seguindo-se o almoço no Centro paroquial.
À tarde o grupo da Benedita que estava em Espinho foi à belíssima oração na igreja da Trindade (haviam orações em várias igrejas em simultâneo), onde estavam precisamente o Irmão David e o Irmão Alois, que no final nos fez o sinal da cruz na testa. Depois, seguiam-se os workshops, e eu e a A.R. fomos até ao Hospital de S. João, para assistir ao workshop "Como no Haiti... onde está Deus?", onde se reflectiu acerca do sofrimento humano... O Pe. Nuno, capelão do hospital, dinamizou o workshop, e o Bento e a Carmo deram os seus testemunhos... Testemunhos de fé e coragem, de exemplo para tantos... E a conclusão a que se chega é que, por vezes, acontecem terramotos na vida das pessoas. E enquanto uns sobrevivem ao terramoto, outros vão como voluntários em auxilio das vítimas. E nós? Teremos um Haiti na nossa vida?
Reflectia o Bento: não andava, e mal mexia os braços, e desejava estar como o que mexia bem os braços. Até que o que mexia bem os braços chegou perto dele, e lhe disse que só queria estar como o outro, que com a ajuda de aparelhos, conseguia dar alguns passos. "Que descaramento!" Pensou primeiramente Bento, que nem os braços conseguia mexer como o outro mexia. Então pensou, se estivesse no lugar do que mexia bem os braços, só queria estar no local do que dava os pequenos passos. E se conseguisse dar alguns passos, quereria andar bem sem aparelhos. E se andasse bem, já só quereria não ter aquela dor no joelho... E se não tivesse nenhuma dor, só queria ter uma casa maior. E se tivesse uma casa maior, queria ter um carro melhor... E, por fim, concluiu, temos é de aceitar aquilo que temos., pois quando andamos a tentar fugir ao sofrimento, é quando mais sofremos. "Porque é que acontecem terramotos? Porque o mundo é feito de placas tectónicas em movimento..." Campeão do mundo em vela, e praticante de esqui, entre outras coisa, apesar da sua deficiência física, Bento diz-nos: "Sou muito mais feliz que aquilo que eu imaginava que alguma vez poderia vir a ser". E Carmo, mulher de Bento, além do seu terramoto pessoal, foi ainda como voluntária para o Haiti de Bento.
Porque é que temos de sofrer? "O Mistério não se explica... Vive-se e contempla-se", responde o padre Nuno. "Deus está naqueles que se fazem presentes". "A felicidade é um dom, não é uma conquista.". E dizia também... "à falta de vida só se responde com vida... à falta de amor só se responde com amor...". Lendo ainda uma carta de um testemunho, Mariana dizia-nos "é na fragilidade que se encontra Deus". Recebemos ainda uma folha seca, símbolo da nossa fragilidade, onde escrevemos o nosso nome. De seguida recebemos uma estrelinha, onde também escrevemos o nosso nome, e que depois trocámos com um desconhecido. Então, colámos a estrela à folha seca, para não nos esquecermos, que perante a nossa fragilidade, há sempre uma estrela que brilha, para nos guiar, ainda que seja nossa desconhecida.
À noite, depois do jantar, a fantástica oração... Tal como nos dias anteriores, no final houve oração em redor da cruz. Mas houve também durante a oração o acender das velas, o passar da chama, o receber da luz! É sempre dos momentos que mais me emociona em Taizé... Porque é lindo, e significa tanto!...
Na terça-feira... Último dia, dia de Carnaval, oração nas paróquias, de seguida reflexão... O tema foi a partilha. Falámos das diferentes formas de partilha, das situações que conhecíamos... E por vezes, até um sorriso basta para deixar o dia de alguém melhor... E concluímos que,a coisa mais importante que podemos partilhar é o nosso tempo... Pois esse, foge ao nosso controlo, não se compra nem se vende... E passamos a vida à espera do momento certo para isto e para aquilo, quando o momento certo é agora!
Seguiu-se o almoço, e que grande almoço! Um verdadeiro banquete! E estava tudo delicioso... Depois, foi tempo de ir a casa arrumar e buscar as coisas, apanhar o comboio até ao Porto, para finalmente voltar ao autocarro, e voltar a casa, com o coração mais cheio, com o coração mais quente. Porque Deus é amor, e, quando nos atrevemos a viver por amor, nada há a temer!
"Jesus Cristo, luz interior, dissipa as trevas que me querem falar!"
"El alma que anda en amor, ni cansa ni se cansa"
=)